Quarta-feira, 08 de maio de 2024 |
Emoções poderosasPor Dr. Leonardo Posternak * em 24/04/2001 Crianças desde bem pequenas sofrem com estresse. A rotina e os problemas familiares como a separação dos pais ou o nascimento de um irmão podem provocar as chamadas doenças psicossomáticas. |
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Mudança dos hábitos familiares, morte de um parente próximo, estresse, cobranças, problemas financeiros, mexem profundamente com as emoções. As alterações no cotidiano que, a princípio, fazem parte apenas do mundo dos adultos, também interferem no universo infantil.
Desde o momento em que nascem até a velhice, as pessoas podem sofrer as conseqüências de não conseguir resolver bem determinados sentimentos. Como não conseguem extravasá-los ou expressá-los de maneira adequada, o corpo responde mal com dores abdominais, vômitos, entre outros sintomas.
A origem da doença é emocional. É o organismo da criança "gritando" para mostrar à família que algo não está bem. O casal se separou? Não é difícil que o filhote comece a ter bronquite, insônia, gastrite ou problemas de alimentação. Depois de fazer vários exames, o resultado comprova: não existe nenhum foco de infecção que justifique os sintomas.
Realmente, as doenças psicossomáticas não são descobertas por meio de testes laboratoriais. É preciso uma conversa profunda e detalhada com a família para saber o que está ocorrendo no âmbito doméstico. Ajude o médico no diagnóstico! As crianças são muito sensíveis e reagem a qualquer mudança na rotina. Qualquer alteração pode desencadear uma doença: o nascimento do irmão, a perda de emprego dos pais, o início da fase escolar.
As doenças de fundo emocional são o resultado da soma da estruturação da vida psicoemocional, pré-disposição biológica e influência familiar. Irmãos gêmeos, por exemplo, comportam-se de formas diferentes ante a um mesmo fato. Um deles vai ficar mais sensibilizado com relação à ausência do pai, por exemplo, que o outro. Isso provoca uma queda da resistência do corpo e abre espaço para o ataque de alguma bactéria. Então, a criança adoece.
Conheci o caso de uma paciente de 4 anos de idade que, durante um ano, apresentou tosse. Os pais consultaram vários especialistas mas nenhum deles conseguiu encontrar a origem do problema.
Doze meses depois o diagnóstico correto apareceu: era uma forma da menina chamar a atenção dos pais. Por motivos profissionais, os dois estavam muito ausentes e a criança sentia a falta deles. Com uma boa conversa e a mudança da rotina a garotinha melhorou.
Mesmo que seu filho não tenha idade suficiente para dialogar, demonstre que realmente gosta dele. Dedique todo o tempo disponível a brincadeiras, muito carinho e colo. O gesto é o melhor remédio e a cura mais rápida para essas doenças.
* Dr. Leonardo Posternak é médico pediatra,
membro do Departamento de Pediatria do Hospital Israelita Albert Einstein.
Co-autor do livro
E Agora, o que Fazer? A Difícil Arte de Criar os Filhos, Editora Best Seller.
Autor de
O Direito a Verdade - Cartas Para Uma Criança, Editora Globo.
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